Pedro Pita Barros no Dinheiro Vivo
"[A] situação actual da Madeira, acusada de excessiva e preocupante pelos mesmo partidos, não é mais do que o resultado das políticas por eles preconizadas – dar rédea solta à despesa pública que esta se multiplicará, combater o desemprego através do emprego como funcionário público. Esta foi a “receita” para o crescimento da Madeira. O que se vê hoje? Para além de obras como estradas e túneis, não se encontrou uma fonte de crescimento da actividade económica que fosse duradoura. Não se reinventou o Turismo, dando-lhe novo ânimo, não se descobriram novas actividades económicas que trouxessem riqueza à região. Mais, ao cristalizar no emprego público uma fatia considerável da população activa, retirou-se a essas pessoas o interesse e a dinâmica de procurarem outras actividades económicas.
Ao seu nível, a actual situação da Madeira mostra que não é viável um modelo de crescimento assente na despesa pública pela despesa pública. Apenas quando existe onde ir buscar mais e mais fundos se consegue, durante algum tempo, sustentar essa forma de intervenção económica.(...)
Da mesma forma que começa a ser perceptível um cansaço dentro do resto de Portugal quanto às dívidas da Madeira e o processo que a elas levou, também o Norte da Europa manifesta o mesmo cansaço quanto aos países do Sul da Europa. Só a escala do problema e do sentimento é diferente.
A lição da Madeira para todo o país não é apenas que é preciso controlar melhor. A lição mais importante, a meu ver, é que a capacidade de gerar dívida pública (e a ir escondendo) não traz a prazo crescimento económico sustentado e transforma-se apenas em mais um factor de “gordura” do Estado. E é “gordura” pelos recursos que absorveu e pelo emprego que retirou a outras actividades."