Eleições na Rússia (IV)
O economista e ex-primeiro ministro russo Yegor Gaidar dizia que a economia soviética no final dos anos 60 estava a entrar em ruptura e só os elevados preços da energia, no início da década de 70, a salvaram. Mas mais do que a salvação da URSS, as duas crises petrolíferas da segunda metade do século XX trouxeram a corrida ao armamento para outro patamar, a paridade nuclear, e atrevimentos bélicos de maior envergadura, como a guerra do Afeganistão.
Podem ser muitos os factores a atrapalhar a vida de Putin nos próximos meses, ou anos, mas a economia não vai ser um deles – o gás e o petróleo vão continuar a ajudar. A Rússia continuará a ser em 2030 o maior produtor mundial de gás com uma capacidade estimada de aproximadamente 822 bcm, secundada pela China com 252 bcm (estimativas da IEA).
Na leitura do programa de Putin é fácil observar “where the money goes”, não é para as grandes infraestruturas e também não é para o combate à pobreza. É, mais uma vez, o dinheiro do petróleo e do gás a trazer ao mundo uma nova corrida ao armamento, só que agora, a três. A União Europeia, o principal comprador do gás russo, será também o principal financiador do rearmamento russo. Mais um paradoxo desta Europa XXI.