Agora repitam isso sem se rirem
Penso ser possível chegarmos a um acordo mutuamente vantajoso. Façamos assim. Os accionistas da TVI (e eventualmente os da SIC) assumem o financiamento da RTP (o que inclui eventuais défices de exploração e aumentos de capital). Evitam a entrada de um novo concorrente que lhe venham roubar (mais) algumas horitas de sono e eventuais perturbações causadas aos defensores do serviço público de televisão pelo desaparecimento de "O Preço Certo". A vantagem para os contribuintes é óbvia.
Tomando como ponto de partida a sugestão alternativado João Miranda (manter a RTP pública, e financiada exclusivamente através de contribuições voluntárias e publicidade) eu faço outra sugestão. Aproveitando a transição para a TDT (terminada em Abril 2012) transforme-se a RTP num canal premium cuja subscrição será igual à actual taxa e, obviamente, voluntária.
Luís Rocha (Blasfémias)
Numa perspectiva política, é óbvio que existe um racional por parte do governo em não privatizar a RTP. Não só abdicaria de um importante instrumento de propaganda, como teria definitivamente contra si a SIC e a TVI em contínua campanha de desgaste. Daí que, não sendo embora muito ligado a simbolismos, considero que a privatização total da RTP deveria constituir a primeira – que não a única – medida simbólica do governo. Porque transmitiria 3 mensagens fundamentais: uma clara mudança de paradigma, focalizando-se na redução da despesa e começando por um valor que se visse e sentisse, não por esta ridicularia; o fim de uma actividade tipicamente parasitária do sector não transaccionável; mostraria coragem – muitos diriam que suicidária, mas que define os estadistas – de afrontar claramente os lobbies e corporações dominantes.
A razão principal pela qual defendo o fim da RTP e de todo o sector público de comunicação social tem sido sempre a mesma: não cabe, dentro do que entendo serem funções do Estado, ter órgãos de comunicação social. A questão dos custos e o papel perverso de órgãos de comunicação social com comando político é igualmente relevante, mas para mim o que é essencial é considerar que não há nenhuma razão para o Estado ter órgãos de comunicação social numa sociedade aberta e livre, em que existem grupos privados de comunicação social, mesmo no sistema de competição imperfeita actual. Agora, que toda a gente usa o qualificativo liberal a torto e a direito, aqui tem uma genuína posição liberal, liberal de liberdade
Neste momento a RTP1 transmite o casamento do Príncipe Alberto do Monaco. Assim como a TVI. Não estou a ver nenhum dos dois mas pelo menos no segundo caso também não me cobram nada nem me tentam impingir que aquilo se insere num suposto "serviço público de televisão".
Azeredo Lopes: privatização da RTP empurraria canais para uma luta feroz pela sobrevivência
Ocorreu-me que os maiores defensores do serviço público de televisão são também os mais preocupados em garantir o lucro dos operadores privados.
1. O João Lisboa comprova a elevadíssima qualidade do serviço público de televisão (1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7). Uma programação impossível de ser replicada por qualquer estação comercial;
2. Luís M Jorge: "[A] RTP recebeu no ano passado 230,6 milhões de euros de fundos públicos e gastou 289,6 milhões de euros — 103 milhões dos quais em pessoal. No mesmo período o grupo Impresa, proprietário da SIC, gastou em televisão cerca de 148 milhões de euros; quase metade da despesa do serviço público. Valeu a pena? Você é que sabe — você é que paga."
Só um reparo. A SIC até podia ter gasto o dobro ou mais. O problema seria do Sr. Balsemão e restantes accionistas da Imprensa.
3. Não me espanta que os donos das estações privadas sejam contra a privatização do 1º canal da RTP. Mais concorrência vai-lhes causar mais dores de cabeça e diminuir-lhe a rentabilidade. Nós é que não temos qualquer obrigação de lhes garantir os lucros. A concorrência é lixada não é? O que fazia falta era um Salazar.
ADENDA: 4. O Luís Rocha coloca uma boa questão a merecer melhor resposta. O que terá levado Paulo Portas a recusar a privatização (parcial) da RTP?
A acreditar na comunicação social, o CDS alinha com a esquerda na defesa desta magnífica grelha de serviço público obviamente impossível de ser replicada por qualquer operador privado. Ainda para mais pela módica quantia de 300 milhões de euros/ano.
A propósito da polémica em torno da proposta de privatização do 1º Canal da RTP convido os intransigentes defensores do serviço público de televisão a encontrar na imagem supra um qualquer programa que se enquadre na referida missão e/ou que seja impossível encontrar num qualquer canal privado.